Hans Zollner, padre jesuíta, teólogo, psicólogo, professor da Universidade Gregoriana de Roma anunciou através de um comunicado publicado no Twitter que deixa de ser membro da Comissão Pontifícia para a Proteção dos Menores do Vaticano.

"Tem havido uma falta de clareza em relação ao processo de seleção de membros e funcionários e suas respetivas funções e responsabilidades", evidencia.

Além disso, o jesuíta, próximo do Papa, mostra-se preocupado com a "responsabilidade financeira" no funcionamento da Comissão e com a falta de "transparência" nas decisões tomadas, frisando que "é fundamental" que este organismo "mostre claramente como os fundos são usados no seu trabalho".

Segundo Hans Zollner, o seu pedido de demissão — de um cargo que ocupada há nove anos — foi aceite pelo Papa no dia 14 de março.

Contudo, o padre jesuíta não se vai afastar da área dos abusos sexuais, uma vez que vai ser consultor da Diocese de Roma, a par com a direção do Instituto de Antropologia, com o objetivo de que "o mundo seja um lugar melhor para as crianças e adultos vulneráveis".

De acordo com o Vatican News, o presidente da CPPM, o cardeal Patrick Sean O'Malley, explicou num comunicado que Hans Zollner pediu para ser dispensado do seu cargo no Vaticano "depois de refletir sobre a sua recente nomeação" como consultor do Serviço de Proteção de menores e pessoas vulneráveis ​​da Diocese de Roma. A nomeação ocorreu em 3 de março.

“Através das muitas formações que deu a bispos e líderes religiosos ao longo dos anos, ao viajar pelo mundo, Zollner tornou-se um embaixador da salvaguarda e continuará a ser uma presença constante neste importante trabalho através das suas funções como diretor do Instituto de Antropologia da Universidade Gregoriana e consultor da Diocese de Roma", escreveu ainda o cardeal O'Malley.

"Esperamos continuar a nossa colaboração com o padre Hans no nosso compromisso comum de fazer da Igreja um lar seguro para todos", rematou.

A Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores é composta por peritos religiosos e laicos, tendo sido integrada em 2022 na Cúria, o governo da Santa Sé.

Em 2016 e 2017, dois dos membros da comissão, o britânico Peter Saunders e a irlandesa Marie Collins, demitiram-se alegando falta de cooperação do Vaticano.

Apesar das medidas tomadas pelo Papa desde a sua eleição em 2013, como o levantamento do segredo pontifício sobre a violência sexual do clero ou a obrigação da denúncia de casos, as associações de vítimas consideram que as ações concretas para combater o flagelo continuam a ser insuficientes.