A ajuda dos Estados-membros visa "apoiar os esforços de preparação da Ucrânia para todos os cenários possíveis", lê-se num comunicado da Comissão Europeia, ao mesmo tempo que França e Alemanha recomendaram aos seus cidadãos que abandonem o território ucraniano, num contexto de tensão militar crescente com a Rússia.

Entre os materiais a entregar estão máscaras descartáveis, luvas esterilizadas, geradores elétricos, antibióticos e desinfetantes doados pela Eslovénia, Irlanda, Roménia e Áustria.

A França vai enviar centenas de tendas, lonas e sacos-cama, bem como 3.000 pares de luvas de proteção contra ataques químicos ou biológicos e um posto médico de campanha com capacidade para 500 pessoas.

França e Alemanha recomendaram hoje aos seus cidadãos para saírem da Ucrânia face ao recrudescimento de confrontos entre tropas ucranianas e separatistas pró-russos no leste do país.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês recomenda aos seus cidadãos, que estejam no leste da Ucrânia, que saiam "sem demora".

A Alemanha também pediu aos seus cidadãos que saiam urgentemente da Ucrânia e desaconselhou qualquer viagem dentro do território daquele país.

A companhia aérea nacional Air France mantém por enquanto todos os voos agendados para a Ucrânia, mas a alemã Lufthansa anunciou a suspensão dos seus voos regulares para as cidades de Kiev e Odessa a partir de segunda-feira e, pelo menos, até ao fim do mês.

O Ocidente e a Rússia vivem atualmente um momento de forte tensão, com o regime de Moscovo a ser acusado de concentrar pelo menos 150.000 soldados nas fronteiras da Ucrânia, numa aparente preparação para uma potencial invasão do país vizinho.

Moscovo desmente qualquer intenção bélica e afirma ter retirado parte do contingente da zona.

Entretanto, nos últimos dias, o exército da Ucrânia e os separatistas pró-russos têm vindo a acusar-se mutuamente de novos bombardeamentos no leste do país, onde a guerra entre estas duas fações se prolonga desde 2014.

Os líderes dos separatistas pró-russos de Lugansk e Donetsk, no leste da Ucrânia, decretaram hoje a mobilização geral para fazer face a este aumento da violência.

Os observadores internacionais da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) informaram na sexta-feira que as violações do cessar-fogo na região registaram um "aumento significativo", com mais de 800 violações só na sexta-feira, mais do triplo da média do último mês.

Delegação do PPE cancela visita a pedido das autoridades ucranianas e alemãs

A visita de uma delegação do Partido Popular Europeu (PPE) à Ucrânia, entre domingo e segunda-feira, foi hoje cancelada a pedido das autoridades ucranianas e alemãs, revelou à Lusa o eurodeputado português Paulo Rangel, que fazia parte da comitiva.

O social-democrata explicou que as autoridades ucranianas pediram para cancelar a visita porque o primeiro-ministro e o ministro da Defesa daquele país tinham de estar “totalmente concentrados” na gestão da crise em curso.

Além disso, também o ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha pediu à comitiva para não viajar até à Ucrânia por motivos de segurança, acrescentou.

A estes motivos, Paulo Rangel disse juntar-se um terceiro relacionado com o facto de a companhia aérea alemã Lufthansa ter anunciado a suspensão dos seus voos regulares para as cidades de Kiev e Odessa a partir de segunda-feira e, pelo menos, até ao fim do mês.

“Há uma coisa que é realmente importante é que isto [cancelamento da visita] significa que houve uma grande deterioração da situação, aliás é essa a informação qualificada que nós temos”, afirmou Paulo Rangel.

O eurodeputado considerou que, neste momento, um pequeno incidente provocado por um extremista do lado da Ucrânia ou da Rússia pode dar origem a um “conflito brutal”.

“Já não estamos nas mãos da Ucrânia e da Rússia, mas nas mãos de pessoas ou unidades que possam atuar por sua conta e risco e criar um incidente que precipite os acontecimentos”, frisou.

Apesar do cancelamento da visita à Ucrânia, a delegação do PPE mantém a visita à Lituânia, prevista para terça e quarta-feira.

Paulo Rangel está integrado numa delegação do PPE que inclui o líder deste grupo, Manfred Weber, assim como os eurodeputados González Pons (Espanha), Rasa Juknevičienė (Lituânia), Vangelis Meimarakis (Grécia), Riho Terras (Estónia) e Michael Gahler (Alemanha).

Na Lituânia, a delegação visitará o grupo de combate que a NATO tem destacado no país desde 2017 e participará numa conferência de alto nível sobre segurança na região do Báltico para discutir os acontecimentos atuais.

A reunião em questão contará com a presença da primeira-ministra da Lituânia, Ingrida Simonyte, do ministro dos Negócios Estrangeiros lituano, Gabrielus Landsbergis, do primeiro-ministro letão, Krisjanis Karins, do líder do Partido Conservador Finlandês, Petteri Orpo, e de membros dos parlamentos dos países bálticos.

Mais um soldado morto no Leste, aumenta para duas baixas

Um segundo soldado ucraniano foi hoje morto em confrontos com os separatistas apoiados pela Rússia no Leste da Ucrânia, anunciou o exército de Kiev.

Em comunicado, o exército ucraniano dá também conta de quatro soldados feridos e hospitalizados e acusa os separatistas da região de Donetsk de 70 violações da trégua em vigor.

Este é o novo balanço, já que anteriormente as forças armadas ucranianas tinham dado conta de um soldado morto, garantindo, no entanto, que “controlam a situação” e “continuam a sua missão de repelir a agressão armada russa”.

Estas são as primeiras mortes registadas entre militares ucranianos no último mês, em que se verificou uma escalada da tensão entre Kiev e Moscovo.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, por seu lado, manteve a sua deslocação a Munique, agendada para hoje, apesar do risco de um ataque russo, tendo pedido na conferência internacional, que envolve países do G7, um calendário claro para uma possível adesão à NATO e uma reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas face à escalada de tensão militar.

A situação no Leste da Ucrânia “está plenamente sob controlo”, disse a Presidência ucraniana, sem fazer referência às declarações do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que, na sexta-feira, questionou a oportunidade de Volodymyr Zelensky sair do país nas atuais circunstâncias.