A presidência da Ucrânia anunciou hoje que concordou em participar em conversações com a Rússia na fronteira com a Bielorrússia, perto de Chernobyl, após mediação do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko.

“A terra é nossa. Falar com eles? Apenas para acabarem com a guerra. Nada mais", afirmou à agência Lusa a ucraniana Anzmehika Shkaroska, uma das participantes na manifestação "Pela paz, contra a invasão", em frente ao consulado russo, durante parte da tarde de hoje.

"Deve-se negociar apenas para os russos saírem da Ucrânia", disse a compatriota Osksana Dubencuk.

E a dirigente da Associação dos Ucranianos de Portugal, Alyona Smertina, completou: "Só para se obter a paz".

À hora de início do protesto, não autorizado mas tolerado pela polícia, havia um pouco mais de 500 manifestantes, mas, às 17:00, duas horas após, eram já 1.500 as pessoas concentradas no local, calculou uma fonte da PSP, a pedido da agência Lusa.

A Avenida da Boavista, junto ao Consulado do Porto, teve, por isso, de ser cortada ao trânsito e vários ucranianos obtiveram autorização para falar à multidão a partir da varanda de um prédio em frente ao consulado russo.

O tom dos discursos foi sempre de exaltação do povo ucraniano.

Foi entoado o hino ucraniano e muitos dos participantes empunhavam bandeiras daquele país e cartazes com o rosto do presidente russo, Vladimir Putin, com o símbolo nazi aposto.

Trata-se da segunda vez, no intervalo de uma semana, que manifestantes protestam junto ao consulado russo no Porto em defesa da Ucrânia independente e contra a ofensiva das tropas de Moscovo. A primeira vez foi no dia 20 quando ainda a invasão russa era um cenário.

Enquanto decorria o protesto frente à representação russa, o cônsul honorário daquele país no Porto, Couto dos Santos, disse à Lusa teve renunciado àquelas funções.

“Confirmo que apresentei recusa do lugar de cônsul da Rússia no Porto, desde o dia 26”, referiu o antigo ministro social-democrata numa breve mensagem escrita dirigida à agência Lusa.

A revelação foi feita numa altura em que também utilizadores da rede social Facebook estavam a ser convidados pelo líder da Frente Cívica, Paulo de Morais, para dirigirem 'e-mails' ao cônsul honorário da Rússia exortando-o a renunciar imediatamente ao cargo.