Numa reunião com o secretário-geral da NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte), Jens Stoltenberg, à margem da Conferência de Segurança de Munique, que hoje se iniciou naquela cidade do sul da Alemanha, Harris agradeceu à Aliança Atlântica por “tudo o que tem feito” durante a crise em curso.

“Continuamos, é claro, abertos a e desejosos de diplomacia, no que diz respeito ao diálogo e às discussões que temos tido com a Rússia, mas também nos comprometemos, se a Rússia tomar medidas agressivas, a garantir que haverá graves consequências em termos das sanções que discutimos”, disse Harris a Stoltenberg.

“E sabemos que a Aliança é forte nesse aspeto”, acrescentou.

Harris e os seus principais assessores de Segurança Nacional reuniram-se com Stoltenberg depois de o Presidente norte-americano, Joe Biden, ter alertado na quinta-feira, em Washington, que “todas as indicações” sugeriam que a Rússia estava “preparada para entrar na Ucrânia, atacar a Ucrânia”.

Os Estados Unidos estimam que, neste momento, a Rússia tem provavelmente entre 169.000 e 190.000 soldados destacados dentro e junto à fronteira da Ucrânia, muito acima dos cerca de 100.000 a 30 de janeiro, indicou o representante permanente norte-americano na OSCE (Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa), Michael Carpenter.

Além das tropas estacionadas ao longo da fronteira ucraniana, na vizinha Bielorrússia e na península da Crimeia, Carpenter disse que a estimativa inclui forças lideradas pela Rússia no leste da Ucrânia e também unidades de segurança interna destacadas para essas zonas.

A vice-presidente norte-americana frisou que foi “intencional” que a sua primeira reunião na conferência anual sobre segurança tenha sido com o secretário-geral da NATO. A Administração Biden está a tentar transmitir ao Presidente russo, Vladimir Putin, que a crise apenas reforçou a determinação da aliança militar de 30 países para deter a agressão de Moscovo.

Stoltenberg fez eco das afirmações de Kamala Harris sobre o fortalecimento da unidade da NATO durante a crise em curso.

“Também saúdo o facto de os aliados europeus estarem a aumentar a sua presença na fronteira oriental da aliança e também a investir mais em defesa”, afirmou.

“Portanto, a realidade é que a América do Norte e a Europa estão a fazer mais juntas, agora, do que fizeram durante muitos anos”, comentou.

As autoridades norte-americanas e europeias estão em alerta máximo para quaisquer tentativas da Rússia para criar um pretexto para uma invasão da Ucrânia.

Os responsáveis estão preocupados que o aumento dos bombardeamentos na região de Donbass, a parcela de território do leste ucraniano onde separatistas apoiados por Moscovo combatem há oito anos forças do exército de Kiev, possa ser usado pelo Kremlin como pretexto para lançar uma ofensiva sobre a Ucrânia.

Na sua reunião seguinte, com dirigentes dos países bálticos, Kamala Harris assegurou que o compromisso dos Estados Unidos de proteger os seus aliados da NATO é “inabalável”.

“Reconheço as ameaças”, declarou, a propósito da crise em torno da Ucrânia.

“Estamos ao vosso lado nesta questão e em muitas outras”, declarou Harris aos seus interlocutores, à margem da Conferência sobre Segurança de Munique, sublinhando que as garantias de proteção mútua previstas no tratado da NATO são “inabaláveis”.

A Rússia e o Ocidente trocaram nas últimas semanas propostas sobre a arquitetura de segurança na Europa, com o objetivo de desmantelar a crise em torno da Ucrânia.

Entre as suas exigências em matéria de segurança, Moscovo quer uma retirada das forças norte-americanas da Europa central e de leste e dos Estados bálticos.

A maioria das propostas russas foi desde logo considerada inaceitável pela NATO, a União Europeia e os Estados Unidos.

Antigas repúblicas soviéticas, a Lituânia, a Estónia e a Letónia advertem regularmente contra qualquer compromisso com a Rússia.

O leste da Ucrânia foi hoje alvo de novos bombardeamentos, de cuja autoria o exército ucraniano e os separatistas pró-russos se acusam mutuamente.

A Rússia, que nega qualquer projeto de invasão, enquanto simultaneamente exige a retirada da NATO da Europa de Leste, é considerada o patrocinador militar e financeiro dos separatistas do leste ucraniano.

Dirigentes internacionais e diplomatas de alto nível estão reunidos em Munique, no sul da Alemanha, entre hoje e domingo para três dias de debates sobre questões de defesa e segurança.

As reuniões em diferentes formatos vão suceder-se em Munique, onde estão igualmente presentes o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, os principais chefes da diplomacia dos Estados-membros da União Europeia e o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

Os russos, habitualmente presentes nesta conferência, não enviaram representantes este ano.