Em declarações aos jornalistas no parlamento, sobre o ‘chumbo’ do projeto do PSD para a transferência do Tribunal Constitucional para Coimbra, Rui Rio foi questionado sobre declarações de quinta-feira à noite à TVI, em que anunciou que iria tentar, até ao Conselho Nacional de sábado, “fazer um exercício” de comprimir “em uma ou duas semanas” o calendário interno já marcado.

“Estamos a estudar neste momento, uma grande antecipação não é possível, como é lógico (…) Estamos a falar de pegar no processo e tentar comprimir ao máximo: resolver tudo este fim de semana não é possível, resolver tudo no próximo não é possível, resolver tudo no outro também não, dentro do que for possível”, afirmou, numa declaração que indicia que poderá estar em estudo a antecipação das diretas para o fim de semana de 27 de outubro.

As eleições diretas no PSD estão marcadas para 04 de dezembro e o Congresso para 14, 15 e 16 de janeiro, mas existe já uma proposta, a votar na reunião de sábado no Conselho Nacional, para antecipar a reunião magna para entre 17 e 19 de dezembro, subscrita por conselheiros e dirigentes que já mereceu o apoio do outro candidato à liderança do PSD, o eurodeputado Paulo Rangel.

Rio afirmou que “até logo à noite” ou sábado de manhã a direção estará a estudar essa possibilidade, de forma a ser analisada no Conselho Nacional que começará pelas 15:30 em Aveiro, considerando que “nunca se vai conseguir fazer nada de muito bom e positivo”.

“Volto a repetir: o que se está a passar no PSD é um absurdo, fazer tudo em cima das legislativas é um absurdo, mas depois dizem que tenho medo de ir a eleições e que quero suspender a democracia. Então, dentro desse absurdo, vamos tentar ao máximo minorar o prejuízo ou, ao contrário, o benefício que o PS tem com isto”, disse, justificando esta proposta de antecipação.

O líder do PSD reiterou que “desejável era o PSD focar-se nas legislativas” para “tentar substituir o PS” nas próximas eleições.

“Há uma parte do partido que se quer focar para dentro até ao Natal. Então, dentro disto que é um disparate, vamos tentar comprimir ao máximo”, disse.

Em 13 de outubro, véspera do último Conselho Nacional do PSD, a direção do partido enviou a meio da tarde uma proposta de calendário eleitoral (diretas em 04 de dezembro e congresso em janeiro), mas, poucas horas depois, após alertas do Presidente da República de que poderia haver uma crise política, Rui Rio apelou à suspensão da disputa interna até à votação do Orçamento do Estado, numa proposta que acabaria rejeitada na reunião por 71 votos contra, 40 a favor e 4 abstenções.

O Orçamento do Estado foi mesmo ‘chumbado’ em 27 de outubro e, na quinta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa anunciou a dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas antecipadas para 30 de janeiro.