Em comunicado, a entidade elencou como “principais desafios na era da Internet” a maior disponibilidade de drogas ilícitas, a exploração de plataformas ‘online’ por grupos criminosos, incluindo redes sociais, e o risco acrescido de mortes por ‘overdose’ (sobredosagem) devido sobretudo à venda de fentanil e outros opiáceos sintéticos.

“Podemos perceber que o tráfico de drogas não é realizado apenas na ‘dark web’ (redes encriptadas). As plataformas legítimas de comércio eletrónico também estão a ser exploradas por criminosos”, segundo Jallal Toufiq, presidente do INCB. O responsável argumentou ainda sobre a necessidade de os governos trabalharem com o setor privado.

De acordo com o relatório, o uso de redes sociais permite chegar a “grandes audiências globais”, assim como “conteúdos inadequados são amplamente acessíveis a crianças e adolescentes”.

É destacado o risco de segurança para os consumidores devido a “farmácias ilícitas na internet que vendem medicamentos sem receita médica”, uma vez que “é impossível” detetar falsificações, produtos não aprovados ou ilegais.

“O comércio global de produtos farmacêuticos ilícitos é estimado em 4,4 mil milhões de dólares”, segundo a mesma fonte.

Porém, o presidente do INCB também notou como as plataformas ‘online’ podem ajudar a “prevenir o consumo de drogas, aumentar a consciencialização sobre os seus danos e melhorar o acesso aos serviços de tratamento da toxicodependência”.

Devem ser também envolvidos nesse esforço a telemedicina e as farmácias na internet, tal como a cooperação internacional. O INCB incentiva a “cooperação voluntária entre governos e indústrias ‘online’ para combater a utilização indevida de plataformas legítimas de comércio eletrónico para o tráfico de drogas”.

O ICNB afirmou a existência de “disparidades persistentes no acesso a medicamentos para o tratamento da dor”, exemplificando, neste âmbito, com a falta de morfina em muitos locais.

“Estas persistentes disparidades regionais nos analgésicos opiáceos utilizados no tratamento da dor não se devem à escassez de matérias-primas opiáceas, mas sim, em parte, a estimativas imprecisas das reais necessidades médicas das suas populações”, concluiu-se.

O relatório indicou também a necessidade de oferecer “meios de subsistência alternativos” a agricultores afegãos face à diminuição drástica do cultivo ilícito de papoila do ópio e da produção de heroína e informou sobre a expansão das organizações de tráfico de droga na Bacia Amazónica para a “mineração ilegal, exploração madeireira ilegal e tráfico de vida selvagem”.

Na análise regional, o relatório enumerou níveis recordes de cultivo ilícito de coca foram registados na Colômbia e no Peru, aumentando 13% e 18%, respetivamente, e que apreensões de cocaína atingiram um recorde em 2021 na África Ocidental e Central.

“Vários países europeus continuaram a estabelecer mercados regulamentados de cannabis para fins não médicos. Estes programas não parecem ser consistentes com as convenções de controlo de drogas”, lê-se na informação hoje publicada, que acrescenta como o sul da Ásia “parece ser cada vez mais alvo do tráfico de metanfetaminas fabricadas ilicitamente no Afeganistão para a Europa e a Oceânia”.

“Os Estados insulares do Pacífico deixaram de ser apenas locais de trânsito ao longo das rotas do tráfico de drogas para se tornarem mercados de destino de drogas sintéticas”, segundo a mesma fonte, que recomenda ainda 16 precursores estimulantes do tipo anfetamina e dois precursores de fentanil sejam colocados sob controlo internacional.

A Comissão sobre Estupefacientes votará este mês a nova colocação.