“Este é o momento para traduzir em gestos concretos a nossa solidariedade para com um país que sofreu uma das piores catástrofes ambientais jamais vividas em África (e que nos alerta, também, para a urgência do combate às alterações climáticas)”, disse António Guterres numa mensagem dirigida à conferência internacional de doadores para angariar apoios que começou hoje na cidade da Beira.

O responsável recorda o “sofrimento de populações que se viram privadas de bens, de habitação, de infraestruturas e dos mais elementares meios de subsistência”, expressando o seu “sincero reconhecimento a todos quantos contribuíram e contribuem para o alívio do sofrimento”.

O ciclone Idai, que atingiu o centro de Moçambique em março, provocou 604 mortos e afetou cerca de 1,5 milhões de pessoas. O ciclone Kenneth, que se abateu sobre o norte do país em abril, matou 45 pessoas e afetou 250.000 pessoas.

“As Nações Unidas e os seus parceiros humanitários mobilizaram-se, desde a primeira hora, apoiando, no terreno, os esforços do Governo; contribuindo para a coordenação do apoio internacional; distribuindo alimentos, água potável e medicamentos e disponibilizando abrigo aos desalojados”, indica António Guterres.

Adianta que “o Fundo Central das Nações Unidas de Resposta a Emergências disponibilizou um total de 24 milhões de dólares (21,4 milhões de euros) para Moçambique” e que a ONU lançou um apelo humanitário de emergência de 282 milhões de dólares (cerca de 252 milhões de euros) para “reforçar a capacidade de resposta à tragédia”, cujas contribuições estão ainda “muito aquém daquele valor”.

O secretário-geral da ONU assegura que a organização “intensificará a sua ação destinada a fazer face aos efeitos, de curto e médio prazo, da catástrofe”, acrescentando que “o apoio humanitário de emergência dará, progressivamente, lugar a um apoio à reconstrução e aos esforços do Governo de desenvolvimento do país”.

“A minha mensagem é clara: as Nações Unidas não se esquecerão de Moçambique”, declara António Guterres.

Perto de 700 pessoas, entre parceiros de desenvolvimento, fundações, instituições financeiras internacionais, agências da ONU, setor privado nacional e internacional eram esperadas para a conferência de dois dias, que decorre sob o lema “Por uma Reconstrução Rápida, Resiliente e Abrangente”.

O plano de reconstrução, avaliado em 3,2 mil milhões de dólares (cerca de 2,87 mil milhões de euros), engloba um conjunto de cerca de 100 projetos socioeconómicos para os locais afetados.