“Documentamos cuidadosamente cada atrocidade, cada crime. Criámos um arquivo ‘online’ especial desses crimes para que o mundo saiba a verdade e para que os russos sejam responsabilizados por cada gota de sangue ucraniano que derramarem”, disse o chefe da diplomacia ucraniana, Dmytro Kuleba, citado em comunicado.

O arquivo “garante que os russos não possam esconder a verdade sobre os seus terríveis crimes na Ucrânia”, indicou.

“Vamos punir os criminosos de guerra pelas atrocidades que estão a cometer na Ucrânia, não apenas os executores, mas também os comandantes que deram as ordens e a toda a liderança político-militar da Federação Russa”, observou o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Dmytro Kuleba adiantou ainda que milhares de ucranianos foram mortos e torturados por soldados russos. Civis foram executados com as mãos amarradas atrás das costas nas ruas de Bucha, na região administrativa de Kiev.

O governante lembrou também que mulheres e crianças foram violadas e mortas.

O Exército russo bombardeou maternidades, escolas, creches e corredores humanitários e pessoas foram deportadas à força para Rússia, segundo o chefe da diplomacia.

Os crimes de guerra cometidos pelo Exército russo na Ucrânia desde a invasão em 24 de fevereiro, reunidos no arquivo, estão divididos em sete categorias: assassínio de inocentes, ataques a civis ou a infraestrutura civil, destruição de centros populacionais, reféns e tortura, deportação ilegal, ataques à religião e à cultura e violação sexual.

O comunicado acrescenta que o portal “mergulha os visitantes na atmosfera horrível desta guerra” para “experimentar apenas uma fração de como os ucranianos foram forçados a viver por mais de seis semanas”, para “ouvir os sons sirenes antiaéreas, aviões de guerra e ataques de mísseis” e “ler os testemunhos angustiantes dos sobreviventes”.

O arquivo, que já está disponível no ‘link’ https://war.ukraine.ua/russia-war-crimes, será constantemente atualizado pelo do Ministério dos Negócios Estrangeiros em cooperação com organismos policiais ucranianos, organizações internacionais e missões de monitorização.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que matou pelo menos 1.626 civis, incluindo 132 crianças, e feriu 2.267, entre os quais 197 menores, segundo os mais recentes dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real de vítimas civis ser muito maior.

A guerra já causou um número indeterminado de baixas militares e a fuga de mais de 11 milhões de pessoas, das quais 4,3 milhões para os países vizinhos.

Esta é a pior crise de refugiados na Europa desde a II Guerra Mundial (1939-1945) e as Nações Unidas calculam que cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.