As forças de Moscovo “controlam grande parte de Severodonetsk”, explicou Serguei Gaidai, assegurando que a zona industrial ainda é controlada pelos ucranianos e que os combates acontecem “apenas nas ruas dentro da cidade”.

“Os russos estão a atirar contra tudo, estão a destruir todas as casas em Severodonetsk, com tanques e artilharia. Estão a disparar contra a zona industrial também, mas a luta continua, os nossos homens estão a resistir nas ruas”, realçou o governador da região de Lugansk, no leste da Ucrânia, através da rede social Telegram.

A cidade vizinha de Lysytchansk, que está totalmente sob controlo do Exército ucraniano, está a ser alvo de um bombardeamento “poderoso e caótico”, frisou Serguei Gaidai.

O governador regional acusou as forças russas de atacarem “deliberadamente” hospitais e centros de distribuição de ajuda humanitária.

“Eles disparam com armas de calibre pesado, a destruição é enorme”, acrescentou.

Serguei Gaidai já tinha admitido hoje que as forças ucranianas podem ter de retirar-se em breve de Severodonetsk, para melhores posições fortificadas.

Severodonetsk tem sido o epicentro dos combates na região do Donbass, formada pelos territórios de Lugansk e Donetsk, que a Rússia disse que ia libertar quando invadiu a Ucrânia há mais de três meses.

Esta cidade resiste na mão dos ucranianos numa região onde Moscovo tem feito progressos nas últimas semanas, depois de se retirarem ou de terem sido expulsos de outras partes do território ucraniano, incluindo os arredores de Kiev.

O Exército russo procura conquistar todo o Donbass, importante região industrial e com recursos minerais, parcialmente nas mãos de separatistas pró-russos desde 2014.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou já a fuga de quase 15 milhões de pessoas de suas casas — mais de oito milhões de deslocados internos e mais de 6,9 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Também segundo as Nações Unidas, cerca de 15 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.

A invasão russa — justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de “desnazificar” e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia – foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e a imposição à Rússia de sanções que atingem praticamente todos os setores, da banca ao desporto.

A ONU confirmou hoje que 4.266 civis morreram e 5.178 ficaram feridos na guerra, que hoje entrou no seu 105.º dia, sublinhando que os números reais poderão ser muito superiores e só serão conhecidos quando houver acesso a zonas cercadas ou sob intensos combates.