“Eu tive, de facto, duas reuniões no meu gabinete, com audiências pedidas pelo então provedor da Santa Casa Edmundo Martinho, que se fazia acompanhar pelo vice-provedor João Pedro Correia”, adiantou Eurico Brilhante Dias, durante a audição na Comissão de Trabalho, Segurança Social e Inclusão, sobre a situação financeira da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e a internacionalização dos jogos sociais.

O ex-governante, que é atualmente deputado do Partido Socialista na Assembleia da República, recordou que “na primeira ocasião é assinalado de forma clara que a Santa Casa (…) sinalizava a vontade de internacionalizar, tinha presença já conhecida no mercado moçambicano, tinha objetivos imediatos no mercado angolano e o mercado brasileiro”.

Relativamente ao mercado brasileiro, Eurico Brilhante Dias adiantou que a Santa Casa tinha duas prioridades, uma delas a lotaria instantânea, e tinha interesse nos estados do Rio de Janeiro e Brasília.

Apontou que a Santa casa é uma empresa “administrada pelo Estado português”, apesar de não ser uma tutela direta ou uma direção geral, mas com uma Mesa designada a partir da tutela.

“Aquilo que fizemos foi informar, pelos canais próprios, as embaixadas, os postos diplomáticos do Brasil”, referiu, admitindo ter feito uma visita ao Brasil, que tinha como enquadramento a presidência portuguesa da União Europeia em 2021, na qual levou o tema para uma das conversas bilaterais com o governo brasileiro.

“Numa dessas minhas reuniões com o governo brasileiro, aquilo que fiz foi sinalizar na altura o governo brasileiro que a Santa casa a tinha informado, neste caso o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, que tinha interesse em participar no negócio do jogo”, disse o ex-secretário de Estado.

Garantiu que foi meramente uma sinalização e que não teve qualquer intervenção no negócio ou em qualquer operação da internacionalização dos jogos sociais.

Relativamente à segunda reunião que teve com os administradores da SCML sobre o mesmo tema, Brilhante Dias referiu que serviu para dar nota dos desenvolvimentos do negócio e que não recebeu “notícia particularmente preocupante”.

Salientou ainda que o secretário de Estado da Internacionalização não faz negócios, quem faz são as empresas, e que cabe ao Estado apoiar e não intervir nas suas opções.