Numa nota enviada à Lusa, o Conselho de Redação (CR) do JN sublinha que a tomada de posição conjunta dos diretores daquele título, foi recebida com “grande consternação”, sendo entendida como um “sinal inequívoco de que esta redação e quem a lidera não aceitam que se possa denegrir publicamente um jornal, os seus leitores e até uma região e um país”.

A constante degradação das condições funcionais, tecnológicas e institucionais de exercício de funções, sustentou a decisão tomada hoje pela direção que se mantém em funções até que seja nomeada outra equipa.

As medidas anunciadas e em preparação para o JN e as suas revistas e suplementos tornaram, assinala o CR, “por demais evidente o desalinhamento estratégico”, tendo conduzido à demissão de diretora Inês Cardoso e dos diretores-adjuntos Pedro Ivo Carvalho, Manuel Molinos e Rafael Barbosa, e ainda ao diretor de Arte, Pedro Pimentel.

O CR enaltece “o esforço e a forma empenhada como a Direção do JN aguentou o jornal nos tumultuosos tempos” que atravessam juntos, “particularmente difíceis nos últimos meses, tentando fazer o melhor jornal todos os dias, independentemente dos meios e vontades”.

Sublinhando a verticalidade, seriedade e integridade de Inês Cardoso, o CR agradece ainda o trabalho da direção do JN “em defesa de um jornal que não é de quem o faz, mas de quem o compra - e foram mais de 23 mil em outubro - e de quem o lê, cerca de 400 mil, todos os dias, entre papel e online, que lideramos em Portugal”.

É por eles, leitores, acrescentam, que a redação do "Jornal de Notícias" vai continuar a trabalhar, fazendo o melhor jornal que conseguir, ainda que sob a ameaça de vir a perder 40 jornalistas, cerca de metade do quadro redatorial atual.

A demissão do diretor do jornal desportivo o Jogo, Vítor Santos, e do diretor-adjunto Jorge Maia foi também comunicado hoje ao Conselho de Redação daquele título que refere que a decisão se sustentou “na degradação das condições tecnológicas, funcionais e de recursos humanos, relevando uma vez mais o esforço e sacrifício de todos os jornalistas para garantir o bom desempenho de O JOGO em todas as plataformas”.

Numa nota enviada à Lusa, diz ter recebido este anúncio com “grande tristeza e preocupação”, mostrando-se total solidariedade para com dois jornalistas “que deram sempre tudo o que tinham a esta casa e, mais recentemente, na condução e proteção dos seus companheiros”.

“Contam com todo o apoio da redação para tudo o que necessitarem. É mais um golpe profundo, mas continuaremos dedicados à missão que nos une, o jornal O JOGO”, rematam, sublinhando o impacto profundo que as decisões e comunicações tomada nos últimos tempos tiveram nos profissionais e nas suas famílias.

As demissões das direções destes dois títulos do GMG, sucede depois de, na terça-feira, os diretores da TSF terem comunicado à Comissão de Trabalhadores que renunciaram aos cargos, em protesto, contra a perspetiva de dezenas de despedimentos.

A direção da TSF, constituída por Rui Gomes (diretor-geral), Rosália Amorim (diretora de informação) e Artur Cassiano (subdiretor de informação), iniciou funções no passado dia 2 de outubro, ou seja, há pouco mais de dois meses.

Na quarta-feira, os representantes dos trabalhadores do Jornal de Notícias, O Jogo, TSF, Diário de Notícias e Global Imagens manifestaram ao ministro da Cultura preocupação com o processo de rescisões em curso na Global Media.

Pedro Adão e Silva mostrou-se também interessado em perceber qual o impacto de uma “saída massiva”, como a anunciada.

A Administração do GMG abriu um programa de rescisões por mútuo acordo, para trabalhadores até 61 anos, com contrato sem termo, sendo que as compensações serão divididas por 18 meses.

No dia 6 de dezembro, em comunicado interno, o GMG avança que iria negociar "com caráter de urgência" rescisões com 150 a 200 trabalhadores e avançar com uma reestruturação para evitar "a mais do que previsível falência do grupo".