A notícia foi confirmada pelo jornal francês Le Monde, que cita o Palácio Eliseu.

Numa publicação na rede social X (antigo Twitter), Emmanuel Macron esclarece que a primeira-ministra, Elisabeth Borne, apresentou a demissão e este aceitou-a.

“Senhora Primeira-Ministra, querida Elisabeth Borne, o seu trabalho ao serviço da nossa Nação tem sido exemplar todos os dias. Implementaram o nosso projeto com a coragem, o comprometimento e a determinação dos estadistas. De todo o coração, obrigado”, declarou o Chefe de Estado francês.

Na sua carta de demissão citada pelo Le Monde, Elisabeth Borne afirma ter liderado “um governo que realizou reformas essenciais” e explica que "pretendia que os textos financeiros fossem [referindo-se à ausência de maioria absoluta], adotados, em condições sem precedentes, no Parlamento da França" e “às preocupações dos franceses”.

Referiu ainda que era “mais necessário do que nunca continuar as reformas”. Disse ainda a Emmanuel Macron “o quão apaixonada foi por esta missão, guiada pela preocupação constante, que partilhamos, de alcançar resultados rápidos e tangíveis para os nossos concidadãos”, confirmando a “vontade” de Emmanuel Macron de “nomear um novo primeiro-ministro”.

O jovem ministro da Educação, Gabriel Attal, é apontado como o favorito a suceder-lhe. Aos 34 anos, este ministro seria o mais jovem chefe de governo da república francesa e o primeiro homossexual a assumir este cargo.

Recorde-se que já existia em França rumores de uma remodelação profunda do governo. Borne, era uma funcionária pública tecnocrata e tornou-se a segunda mulher a chefiar o governo francês como primeira-ministra em maio de 2022, depois de Macron conquistar um segundo mandato até 2027.

Os seus 20 meses como chefe de um governo sem maioria absoluta no Parlamento foram marcados por uma alta tensão política, como durante a reforma da Previdência imposta por decreto, e por um episódio de distúrbios urbanos em meados de 2023.

No entanto, a aprovação, em dezembro, de uma reforma migratória, que o governo endureceu para obter o apoio da direita, dividiu o partido no poder, especialmente quando a extrema direita comemorou a "vitória ideológica" da nova lei.

A eleição do sucessor de Borne espera-se como crucial para tentar manter o frágil equilíbrio da aliança centrista de Macron, com deputados inclusive de centro-esquerda, num contexto de opinião pública cada vez mais de direita.

As eleições para o Parlamento Europeu em junho de 2024 podem servir como avaliação a esta remodelação. O partido de extrema direita de Marine Le Pen, Rassemblement National, lidera as sondagens com 27% dos votos, seguido pelo partido de Macron, Renaissance, com (19%), de acordo com a Opinionway citada pela AFP em meados de dezembro.