A declaração hoje finalizada refere que Lisboa será uma cidade com direitos "no dia em que for uma cidade transitável, dotada de uma rede de transportes públicos de qualidade, capaz de minimizar tempos de deslocação e o congestionamento do espaço público pelos veículos de transporte privado, amiga da deslocação pedonal e velocipédica".

Os cidadãos que participaram no fórum querem também "uma cidade acessível a todos/as que não discrimina as pessoas com deficiência e outras pessoas com necessidades especiais e lhes garante acesso prioritário em todas organizações públicas e privadas".

Este fórum, dinamizado pela Câmara Municipal de Lisboa, teve como mote "a participação no governo da cidade" e contou, pela primeira vez, com contributos de crianças. O desafio lançado aos participantes foi o de criar, em conjunto, a declaração "Lisboa, cidade com direitos", a partir de uma primeira versão elaborada pela comissão organizadora do encontro.

O facto de a capital ser "uma cidade inclusiva, onde deixem de existir territórios segregados, onde a pobreza e a exclusão se reproduzem" foi um dos pontos incluídos no documento. "Uma cidade onde a educação, a saúde, a proteção e o socorro, a segurança e a justiça são garantidos a todas as pessoas em condições de igualdade, onde ninguém se encontra privado de bens que são suporte de vida, nomeadamente habitação, água e energia" foi outras das preocupações manifestadas.

Um dos pontos acrescentado ao texto final prevê que Lisboa seja "uma cidade democrática, onde os poderes públicos emanam de eleições democráticas e onde os processos de deliberação política estão abertos e promovem a participação e o empoderamento dos cidadãos e das cidadãs".

"Uma cidade intergeracional, amiga das crianças e das pessoas de idade maior, que as respeite, promova e garanta os seus direitos, criando oportunidades de participação e envolvimento de todos/as", foi outra das considerações apontadas pelos participantes, tendo gerado alguma discussão quanto à formulação final.

Os cidadãos aspiram ainda a que Lisboa seja "uma cidade ativa, onde floresça uma economia ao serviço das pessoas, capaz de garantir o direito ao trabalho digno e de promover o desenvolvimento sustentável no conjunto do território".

Em declarações à Lusa no final do encontro, o vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, João Afonso, mostrou-se "satisfeito com o fórum e com todo o processo", considerando que foi um evento "participativo e participado". Quanto à declaração, João Afonso considerou que "é um documento que terá como objetivo algo mais abrangente", sendo um ponto de partida para a "Carta de Lisboa dos Direitos e Responsabilidades".

Os cidadãos esperam que esta carta possa "vir a constituir-se como fundamento para as políticas autárquicas num quadro que transcenda o de cada mandato político".

Participando pela primeira vez no fórum, os mais pequenos propuseram "participar na escolha das ementas" dos estabelecimentos de ensino e também "andar mais a pé, de bicicleta e de transportes públicos".