Num centro comercial em Seul, capital da Coreia do Sul, entre lojas de luxo, uma beluga solitária chamada Bella nada no pequeno tanque onde está presa há uma década. Mas os ativistas lutam pela sua libertação, conta o The Guardian.

Bella foi capturada em 2013 no Oceano Ártico, ao largo da costa da Rússia, com dois anos de idade. Juntamente com duas belugas macho, Bello e Belli, foi vendida ao aquário, instalado num mega centro comercial por baixo da Lotte World Tower, com 555 metros de altura, propriedade de um dos maiores conglomerados da Coreia do Sul.

As outras duas belugas morreram prematuramente: uma com cinco anos, a outra com 12 anos, quando a sua esperança média de vida na natureza é de 35 a 50 anos.

“Já passaram quase cinco anos desde que disseram que a iam libertar”, denuncia Jo Yak-gol, do grupo ambientalista marinho Hot Pink Dolphins. Desde essa altura, têm sido vários os argumentos para o adiamento da libertação, inclusiva a pandemia de covid-19.

Presa num aquário de apenas sete metros de profundidade, Bella começa a dar sinais alarmantes por estar em cativeiro. “Ela não tem estímulos e está a mostrar sinais de uma doença mental”, disse Jo ao jornal britânico.

Valeria Vergara, codiretora do programa de investigação de cetáceos da Raincoast Conservation Foundation, explica que estes animais "têm vidas longas e, claro, têm um sistema de comunicação muito complexo", pelo que "manter estes seres em cativeiro é simplesmente antiético".

A transferência de Bella para um santuário à beira-mar é “a única opção ética”, segundo Vergara. Tendo sido retirada do seu habitat natural numa idade tão jovem, Bella não conseguirá sobreviver em mar aberto, uma vez que as belugas aprendem competências necessárias — como a caça, a migração e a comunicação — através dos seus grupos sociais.

Num comunicado, o Lotte World Aquarium afirmou estar a a trabalhar para proteger os direitos dos animais e que está “pronto a enviar a baleia beluga em qualquer altura”. O aquário afirmou estar a discutir com um comité composto pelo Ministério dos Oceanos e das Pescas, grupos de defesa dos direitos dos animais e peritos em baleias a libertação de Bella “com base num plano científico e prático”.

Além disso, foi também referida a possibilidade de transferir Bella para um santuário na Islândia, Noruega ou Canadá. Contudo, a beluga continua no seu tanque e os ativistas mantém a luta no exterior do edifício até obterem respostas concretas.