De acordo com a edição de quinta-feira do diário, o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, e outros responsáveis pretendem que o Governo recorra a um procedimento de urgência para que o Presidente Donald Trump possa impedir o Congresso de bloquear estas vendas, no valor de sete mil milhões de dólares (cerca de 6,3 mil milhões de euros), atualmente suspensas.

Esta medida poderá ser tomada nos próximos dias, indicou o jornal, que citou vários responsáveis norte-americanos.

O processo de venda das armas foi divulgado pelo senador democrata Chris Murphy, na quarta-feira, na rede social Twitter.

“Oiço dizer que Trump poderá usar uma falha na lei sobre o controlo de armas” para autorizar “uma nova venda de envergadura de bombas à Arábia Saudita”, escreveu o senador.

“Trump fingirá que a venda é uma ‘urgência’, o que significa que o Congresso não pode votar contra. [A venda] aconteceria de forma automática”, acrescentou. “Não há qualquer urgência na venda destas bombas à Arábia para que as lance sobre o Iémen. Os sauditas bombardeiam civis, portanto, se há uma urgência, é uma urgência humanitária causada pelas bombas que vendemos aos sauditas”, afirmou.

Questionado pela agência de notícias France-Presse (AFP), o departamento de Estado escusou-se a comentar potenciais vendas de armas “antes do Congresso ser notificado formalmente”.

Estas informações surgem numa altura em que as tensões estão a aumentar entre os Estados Unidos e o Irão, grande rival da Arábia Saudita, no Médio Oriente.

Em abril, o Congresso norte-americano tinha adotado uma resolução na qual exigiu ao Presidente “a retirada das forças armadas norte-americanas das hostilidades” no Iémen, à exceção das operações que visem a rede terrorista Al-Qaida. Trump vetou a resolução.

A reação, considerada moderada, de Trump em relação a Riade, aliado próximo de Washington, na sequência do homicídio em outubro passado em Istambul do jornalista Jamal Khashoggi, por um comando saudita, também criou grande mal-estar entre os eleitos norte-americanos.