Donald Trump escolheu a Flórida para o comício de apresentação oficial da sua recandidatura, a apenas 100 quilómetros do local onde há 17 meses fez o seu primeiro comício de campanha.

O anúncio está previsto para as 00:00 locais (01:00 de quarta-feira em Lisboa).

Desde segunda-feira que muitos dos cerca de 20.000 participantes do comício de apresentação da recandidatura de Donald Trump faziam fila junto ao Amway Center, em Orlando, na Flórida, com cartazes de apoio ao Presidente e bonés com um dos seus ‘slogans’ da campanha de 2016: “Make America Great Again” (“Tornar a América Grande Outra Vez”).

Em 2016, poucos acreditavam que Trump alguma vez chegasse à Casa Branca, mesmo dentro do seu Partido Republicano, duvidando do seu estilo belicoso e do impacto negativo dos casos em que se ia envolvendo.

Três anos depois, Trump tem o partido unido, bons índices económicos e os adversários Democratas desalinhados, até relativamente ao início de um processo de destituição no Congresso, onde alguns acham que ainda não é tempo para explorar as consequências da investigação sobre a interferência russa nas eleições de 2016, que mostraram indícios de obstrução à justiça por parte da equipa de Trump.

Nos últimos dias, contudo, algumas sondagens tornadas públicas (algumas delas feitas pela própria candidatura de Trump) revelavam que vários dos 23 candidatos Democratas têm vantagem sobre o Presidente que, pela primeira vez na história dos estudos de opinião, cumpriu três anos de mandato sem nunca ter tido uma maioria a suportar a sua governação.

Mas desde o início de 2018 que Donald Trump tem andado a repetir em comícios de campanha de reeleição que “nunca um Presidente teve tanto apoio” dos eleitores, usando os seus ‘slogans’ de 2016 para entusiasmar as multidões que continuam a encher pavilhões para o ouvirem.

“Espero que ele venha aqui dar uns bons ‘pontapés no rabo’ de quem o critica”, afirmava hoje, a uma estação televisiva norte-americana, uma eleitora a quem perguntaram por que razão tinha feito tantos quilómetros desde o Texas para ouvir Trump.

Os estudos de opinião dizem que Donald Trump não cativou votos junto do eleitorado que não votou nele em 2016, mas que tem mantido a sua base de apoio, sobretudo nos círculos do interior rural dos EUA, mais conservadores.

Nos comícios de campanha que já repete há 18 meses, Trump tem voltado aos temas que lhe deram a vitória há três anos, como o combate à imigração ilegal e a revitalização da economia através de mecanismos protecionistas.

Por isso, o Presidente insiste em construir um muro na fronteira com o México (a quem obrigou a reforçar a segurança fronteiriça, sob ameaça de sanções tarifárias) e gaba-se de obrigar a China a pagar mais taxas alfandegárias.

Mas os adversários pegam nesses temas para atacar o Presidente, recordando-lhe que o muro prometido não tem sequer consenso no Congresso e que a guerra comercial com a China está a prejudicar milhares de agricultores que não conseguem escoar os seus produtos para aquele país asiático, que é um dos principais mercados dos EUA.

À porta do centro de congressos em Orlando, junto aos apoiantes de Trump reúnem-se igualmente manifestações de protesto, com balões a representar o Presidente como um bebé mimado e de ar irritado e cartazes que recordam promessas por cumprir.

Mas os estrategos de Trump servem-se dos números favoráveis da economia, para contestar as críticas dos Democratas, falando do número recorde de empregos criados nos últimos três anos e do bom desempenho da indústria em setores sensíveis, como o automóvel e a energia.

Em outubro de 2018, contudo, nem esses bons índices foram suficientes para o Partido Republicano preservar a maioria na Câmara de Representantes, ficando apenas com a maioria no Senado (onde até reforçaram o número de lugares).