“A Rússia está a prestar uma enorme ajuda à República Centro-Africana”, disse Touadéra, no final de uma reunião com Putin na primeira cimeira Rússia-África, que decorre hoje e amanhã em Sochi, uma estância balnear russa nas margens do Mar Negro.

Os russos, que se encontram no terreno a prestar diverso apoio militar, desde o treino de efetivos militares e paramilitares à modernização do equipamento das forças armadas do país, entregaram recentemente um “segundo fornecimento de armamento” à RCA, permitindo ao país cobrir “todas as necessidades em armas ligeiras”, de acordo com Touadéra, citado pela agência France Presse.

Mas o chefe de Estado africano acrescentou que “são necessárias armas mais pesadas para criar forças eficazes”.

“Acreditamos que os parceiros russos também nos fornecerão meios letais (…), veículos de combate, morteiros e outra artilharia, que permitirá reforçar as nossas forças de defesa e segurança”, disse o Presidente da RCA.

Para tanto, é necessário, de acordo com Touadéra, que as Nações Unidas levantem por inteiro o embargo de armas imposto à RCA.

“As sanções que foram impostas em 2013, quando a República Centro-Africana não tinha um governo legítimo, estão agora a visar as autoridades legítimas, [porque] os grupos armados [a atuar na RCA] contornam o embargo e estão a receber armas ilegais e, por isso, não conseguimos recuperar o controlo do país”, disse Touadéra, citado pela agência estatal russa TASS.

O chefe de Estado pediu, por isso, “que o embargo seja levantado, uma vez que funciona contra o governo legítimo”.

No início da guerra civil na RCA em 2013, a Organização das Nações Unidas (ONU) impuseram um embargo total de venda de armas ao país.

Em 2017, a ONU aliviou as restrições, concedendo algumas isenções, nomeadamente à Rússia e à França, permitindo-lhes equipar unidades do exército centro-africano, em processo de reconstituição.

O embargo foi flexibilizado significativamente, em setembro, com o Conselho de Segurança (CS) das Nações Unidas a votar por unanimidade a autorização do fornecimento de armas de calibre igual ou inferior a 14,5mm às forças da RCA.

Faustin-Archange Touadéra considerou que o levantamento parcial do embargo não é suficiente e apelou a Putin o patrocínio da Rússia no levantamento total das restrições no CS da ONU.

A RCA vive um cenário de violência desde 2013, depois do derrube do presidente François Bozizé por grupos armados juntos na Séléka, o que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-Balaka.

O Governo centro-africano controla cerca de um quinto do território e o resto é dividido por mais de 15 milícias que procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.

Um acordo de paz foi assinado em Cartum, capital do Sudão, no início de fevereiro pelo Governo e por 14 grupos armados, e um mês mais tarde, as partes entenderam-se sobre um governo inclusivo, no âmbito do processo de paz.

Portugal está presente na RCA desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização na República Centro-Africana (MINUSCA), cujo 2.º comandante é o major-general Marcos Serronha.

Os militares portugueses deslocados no país integram a 6.ª Força Nacional Destacada (FND), e a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana, cujo 2.º comandante é o coronel António Grilo.

A 6.ª FND, que tem a função de Força de Reação Rápida, integra 180 militares, na sua maioria paraquedistas, pertencendo 177 ao ramo do Exército e três à Força Aérea, além de 14 elementos da Polícia de Segurança Pública.

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