Na sequência da decisão do Conselho de Segurança da ONU, que aprovou no sábado um cessar-fogo humanitário por um mês na Síria, o Papa também exprimiu a necessidade de se retirarem feridos e doentes dos territórios afetados pelo conflito.

"Eu envio um apelo urgente para a cessação imediata da violência, para que seja dado o acesso à ajuda humanitária - alimentos e remédios - e se retirem os feridos e os doentes", disse Francisco, logo após a oração do Angelus, na praça de São Pedro.

"Nestes dias, os meus pensamentos estão muitas vezes voltados para a Síria amada e martirizada, onde a guerra está de volta, especialmente em Ghouta Oriental", disse o Papa.

"Este mês de fevereiro foi um dos mais violentos em sete anos de conflito: centenas, milhares de vítimas civis, crianças, mulheres, idosos; hospitais foram afetados, a população não pode mais procurar comida (…). Tudo isso é desumano - não se pode combater o mal com outro mal", afirmou Francisco.

As forças do Governo sírio retomaram os bombardeamentos e ataques de artilharia contra a região de Ghouta Oriental, um reduto da oposição nos arredores de Damasco, horas depois de a ONU ter exigido um cessar-fogo.

Hoje de manhã, houve dois bombardeamentos na localidade de Al-Shifunia, enquanto forças leais ao Presidente sírio, Bashar al-Assad, lançaram mísseis sobre Harasta, Kafr Badna e Yisrín, informou a organização não-governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou na noite de sábado uma resolução em que todas as partes em conflito devem cessar as hostilidades durante 30 dias em todo o país, incluindo em Ghouta Oriental.

No entanto, a resolução exclui do cessar-fogo os grupos Estado islâmico (EI) e a Organização de Libertação do Levante, uma aliança criada em torno da Frente de Al-Nusra, o nome da antiga filial síria da Al-Qaida que, de acordo com o Governo sírio, está presente em Ghouta Oriental.

Os principais grupos rebeldes que controlam Ghouta Oriental comprometeram-se a respeitar o cessar-fogo humanitário exigido pela resolução do Conselho de Segurança da ONU.

Numa semana de intensos ataques aéreos, artilharia e mísseis, a região registou a morte de pelo menos 510 pessoas, incluindo 127 menores, de acordo com os últimos números divulgados pelo Observatório.