“Esse encontro [no hotel Trópico] aconteceu. Efetivamente aconteceu”, afirmou Paulo Blanco durante a sua contestação à acusação de corrupção ativa, branqueamento de capitais, violação de segredo de justiça e falsificação de documento, em coautoria com Armindo Pires no processo ‘Operação Fizz’.

A versão de Paulo Blanco corrobora o que já tinha sido dito pelo arguido Orlando Figueira, que confirmou o encontro em Luanda em abril de 2011, e desmente a versão de Carlos Silva.

Num esclarecimento enviado na segunda-feira aos órgãos de comunicação social, Carlos Silva nega ter tido o encontro e diz que as afirmações do ex-procurador a ser respeito são uma “tentativa recente e oportunista de adulterar a realidade, assenta em insinuações falsas”.

“O grau de fantasia dessa história vai ao ponto de inventar um suposto encontro num hotel no centro de Luanda, no qual me descreve como envergando uma indumentária que, quem me conhece, sabe que jamais utilizaria num local deste tipo”, lê-se na nota.

Blanco apresentou hoje uma versão contrária dizendo que no encontro em Luanda se falou da possibilidade de Orlando Figueira ir trabalhar para Angola como assessor jurídico do BPA e que chegou a fazer sugestões de uma minuta de um contrato.

Sobre o facto de o ex-procurador não ter ido trabalhar para o BPA em Angola, Blanco aponta uma explicação: “Carlos Silva foi aconselhado por alguém que o contrato não devia ser feito em nome do BPA ou pelo BPAE, depois de o ativista angolano Rafael Marques ter sido ouvido no DCIAP, acusando o banco de branqueamento de capitais”.

O arguido diz que a questão lhe foi comunicada por André Navarro em final de janeiro de 2012.

“Orlando Figueira não podia ir trabalhar para Angola sem que o processo de Carlos Silva estivesse arquivado”, apesar de esse processo não estar sob a alçada do procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) que está acusado de arquivar processos a troco de vantagens.

Foi nesta fase, adianta, que o contrato de trabalho de Orlando Figueira aparece em nome da empresa Primagest, participada do BPA.

Sobre a questão da eliminação de documentos financeiros do ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente de um inquérito relativo à compra de um apartamento no Estoril por 3,8 milhões de euros, Blanco refere que foi para evitar o seu “uso instrumental”.

“O que estava em causa era a publicidade, o uso instrumental desses de documentos e a sua utilização durante a campanha eleitoral para as eleições de Angola de agosto de 2012”, justificou, alegando a “dimensão de Estado”.

À semelhança do que já tinha acontecido com Orlando Figueira também Paulo Blanco defendeu que, neste processo, em vez do nome de Manuel Vicente devia estar Carlos Silva.

“É uma injustiça tremenda, uma falsidade, porque Manuel Vicente não tem nada a ver com isto”, disse Blanco, adiantando que caso os nomes mudassem “não havia corrupção”.

À saída do tribunal, Paulo Blanco disse ser importante “que a comunidade jurídica tenha uma perspetiva angolana daquilo que se está a passar em Portugal com as investigações” e que “a justiça portuguesa tem sido desigual e preconceituosa” em relação a Angola.

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