Em declarações à imprensa após uma reunião dos embaixadores dos 29 membros da NATO para discutir a crise entre Estados Unidos e Irão, Jens Stoltenberg apontou que há vários anos que “todos os Aliados” têm manifestado preocupação com “as atividades de desestabilização do Irão” e apontou que se assistiu recentemente a “uma escalada por parte do Irão, incluindo o ataque a uma refinaria saudita e o abate de um drone norte-americano”.

“Na reunião de hoje, os Aliados apelaram à contenção e ao fim da escalada. Um conflito não é do interesse de ninguém. O Irão deve evitar mais violência e provocações”, declarou.

Questionado sobre se alguns Aliados também pediram contenção aos Estados Unidos, Stoltenberg insistiu que os 29 “expressaram preocupação com as atividades destabilizadoras do Irão na região do Médio Oriente, incluindo apoio a grupos terroristas”, bem como com o programa de mísseis iraniano, e são unânimes em considerar que Teerão “nunca deve adquirir uma arma nuclear”.

Face às insistentes questões dos jornalistas sobre o papel dos Estados Unidos no atual conflito, e designadamente a decisão, tomada pelo presidente Donald Trump, de assassinar o general iraniano Qassem Soleimani, o secretário-geral da Aliança Atlântica apontou que se tratou de “uma decisão dos Estados Unidos, e não da coligação global (contra o autodenominado Estado Islâmico) nem da NATO”, e voltou a referir-se ao papel “desestabilizador” do Irão na região.

Questionado sobre uma eventual intervenção da NATO caso se assista a uma escalada do conflito, Stoltenberg escusou-se a "especular" sobre tal cenário, pois, argumentou, o que é necessário agora é travar a escalada da situação, e qualquer declaração nesse sentido teria o efeito inverso.

Stoltenberg afirmou também que a NATO continua fortemente empenhada no combate ao terrorismo, salientou que a missão de treino no Iraque é “um importante contributo” para os esforços da coligação global que combate o Estado Islâmico, e garantiu que a Aliança está “preparada para prosseguir as ações de formação e treino, assim que a situação no terreno o tornar possível”.

“Na reunião de hoje, os Aliados expressaram o seu forte apoio ao combate contra o Estado Islâmico e à missão da NATO no Iraque. Em tudo o que fazemos, a segurança do nosso pessoal é primordial. Como tal, para já suspendemos o treino no terreno e estamos a tomar todas as precauções necessárias para proteger o nosso pessoal. Permanecemos em contacto estreito com as autoridades iraquianas. A NATO está preparada para prosseguir o treino quando a situação o permitir. Continuamos fortemente comprometidos com a luta contra o terrorismo internacional”, declarou.

No sábado, a NATO anunciou que suspenderia as operações de treino no Iraque após a morte do general iraniano Qassem Soleimani durante um ataque norte-americano a Bagdad, no Iraque, na sexta-feira.

A missão da NATO no Iraque, que tem algumas centenas de militares, treina as forças do país desde outubro de 2018, a pedido do Governo iraquiano, para impedir o retorno do Estado Islâmico (EI).

Hoje mesmo, o ministro português da Defesa disse à Lusa que os 35 militares portugueses em missão no Iraque estão “tranquilos e salvaguardados”, aguardando o retomar das ações de formação suspensas, e defendeu que é prematuro falar em retirada.

Em declarações à agência Lusa, João Gomes Cravinho disse que está “em contacto permanente” com os militares no terreno e que a informação que tem recebido nos últimos dias sobre a situação no Iraque, quer da capital, Bagdad, quer da base militar de Besmayah, indica que os militares “estão bem e que não há nenhum perigo imediato”.

“Temos os nossos militares perfeitamente tranquilos e salvaguardados. Besmayah está a 40 quilómetros de Bagdad e é um local resguardado. Eles estão bem e não há nenhum tipo de perigo imediato”, declarou.

Questionado pela Lusa, o ministro da Defesa confirmou que as ações de formação e treino ministradas pelos portugueses na base militar de Besmayah estão suspensas e disse o Governo mantém uma posição de “prudência”, aguardando os desenvolvimentos da situação.

A situação na região está particularmente volátil desde que o general Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, morreu na sexta-feira num ataque aéreo contra o carro em que seguia, ordenado pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O ataque ocorreu três dias depois de um assalto inédito à embaixada norte-americana que durou dois dias e só terminou quando Trump anunciou o envio de mais 750 soldados para o Médio Oriente.

O Irão prometeu vingança e anunciou no domingo que deixará de respeitar os limites impostos pelo tratado nuclear assinado em 2015 com os cinco países com assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas — Rússia, França, Reino Unido, China e EUA — mais a Alemanha, e que visava restringir a capacidade iraniana de desenvolvimento de armas nucleares. Os Estados Unidos abandonaram o acordo em maio de 2018.

No Iraque, o parlamento aprovou uma resolução em que pede ao Governo para rasgar o acordo com os EUA, estabelecido em 2016, no qual Washington se compromete a ajudar na luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico e que justifica a presença de cerca de 5.200 militares norte-americanos no território iraquiano.

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