“Insistimos (…) na reciprocidade dos direitos e dos deveres” entre as partes deste acordo nuclear concluído em 2015, declarou em comunicado o porta-voz dos Negócios Estrangeiros, Abbas Moussavi.

É “irrealista” aguardar que o Irão “regresse às condições que prevaleciam antes de 08 de maio de 2019”, sem que os europeus “demonstrem a sua vontade política e a sua capacidade” para permitir que o Irão “beneficie na prática” do acordo, acrescentou.

Moussavi reagia ao apelo emitido domingo pela França, Reino Unido e Alemanha, três Estados que integram o acordo, para “um fim da escalada de tensões e o recomeço do diálogo”.

“Estamos preocupados pelo risco que [o acordo] se desfaça, sob a pressão das sanções impostas pelos Estados Unidos e na sequência da decisão do Irão de deixar de aplicar diversas das disposições centrais do acordo”, afirmaram os três países.

O acordo de 2015, concluído após vários anos de esforços diplomáticos, prevê uma limitação do programa nuclear iraniano em troca do levantamento das sanções internacionais contra o país.

No entanto, está ameaçado após a retirada unilateral dos Estados Unidos em maio de 2018, e antes de restabelecer em agosto desse ano sanções punitivas contra o Irão, impedindo a recuperação económica pretendida por Teerão.

Em 08 de maio de 2019, e após ter aguardado sem sucesso que as outras partes do acordo ajudassem o país a contornar as novas sanções norte-americanas, o Irão anunciou que ia alterar progressivamente alguns dos compromissos assumidos para forçar os seus parceiros a atuarem para salvarem o acordo.

Desta forma, no início de julho Teerão anunciou o aumento do limite imposto às suas reservas de urânio enriquecido para 4,5%, e que ultrapassa o máximo autorizado pelo acordo (3,67%).

Para além da Alemanha, França e Reino Unido, China e Rússia permanecem partes do acordo com o Irão após o abandono dos Estados Unidos.