“Fizemos duas reuniões, das quais não posso adiantar detalhes porque devo respeitar a confidencialidade das mesmas, mas foram reuniões em que nos escutámos”, disse o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, em declarações à estação de televisão estatal Telesur.

O governante disse que existiram “momentos de tensão” e que “há diferenças profundas”, mas, ao mesmo tempo, “preocupações partilhadas” e, mostrando o seu passaporte e o seu cartão diplomático, assegurou que participou nos encontros.

“Se temos de nos reunir com o próprio diabo, se temos de ir para o centro da Terra para falar com o diabo e defender a soberania da Venezuela, e exigir respeito e alcançar um caminho de respeito com o Governo que representa o império e as corporações neste momento no mundo, nós faremos isso “, garantiu o chefe da diplomacia venezuelano.

Os dois países vivem uma alta tensão diplomática após Maduro cortar laços diplomáticos com os Estados Unidos, que não o reconhecem como Presidente e a quem pediram várias vezes para abandonar o poder, que ocupa desde 2013.

Jorge Arreaza adiantou que estes encontros supõem “um diálogo binacional” que não pode ser negado por porta-vozes norte-americanos e que Maduro “está informado de cada detalhe” conversado.

“É evidente [o diálogo com os EUA], até mesmo o senhor (John) Bolton – Conselheiro Nacional de Segurança da Casa Branca -, o senhor da guerra, o reconheceu”, insistiu.

Além disso, Arreaza denunciou que o Departamento de Estado dos EUA “restringiu a 40 quilómetros ao redor da sede da Organização dos Estados Americanos (OEA) em Washington para a livre mobilidade do diplomata venezuelano perante daquele órgão, Samuel Moncada”.

“Eles têm medo do verbo venezuelano, têm medo da verdade da Venezuela”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros.

Nesse sentido, disse que o Governo venezuelano “está a avaliar” que ações tomar para evitar que “a voz da Venezuela na OEA seja silenciada antes de 27 de abril”, data em que o país abandona aquele organismo, por decisão própria.

A Venezuela vive grande instabilidade política desde 10 de janeiro passado, quando Maduro tomou posse após umas eleições que não foram reconhecidas como legítimas pela maioria da comunidade internacional.

A crise política agravou-se em 23 de janeiro, quando o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.

Guaidó, 35 anos, contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.

Nicolás Maduro, 56 anos, no poder desde 2013, recusou o desafio de Guaidó e denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.

A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.

Esta crise política soma-se a uma grave crise económica e social que levou 2,3 milhões de pessoas a fugirem do país desde 2015, segundo dados das Nações Unidas.

Na Venezuela, antiga colónia espanhola, residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.

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