O desaparecimento ocorre numa altura de crescente tensão entre Pequim e Otava, face à detenção da diretora financeira da empresa chinesa de telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, no Canada, a pedido dos Estados Unidos.

Spavor é o diretor do Paektu Cultural Exchange e um dos poucos ocidentais que já se encontrou com o líder norte-coreano Kim Jong-un. O empresário ajudou Pyongyang a organizar a visita ao país do antigo jogador norte-americano de basquetebol Dennis Rodman.

A China deteve já um antigo diplomata canadiano,Michael Kovrig, em Pequim, noutra aparente retaliação pela detenção de Meng. O alerta foi dado pela sua empresa empregadora, o thinktank International Crisis Group (ICG).

Na quarta-feira, a ministra canadiana dos Negócios Estrangeiros, Chrystia Freeland, revelou suspeitar que outro cidadão do país, foi colocado sob custódia pelas autoridades chinesas em Pequim.

"Este cidadão canadiano contactou-nos porque foi interrogado pelas autoridades chinesas", declarou Freeland, numa conferência de imprensa em Otava. "Não conseguimos manter contato com ele desde que nos avisou (do interrogatório). Temos estado a trabalhar para determinar o seu paradeiro e levarmos esta questão às autoridades chinesas"

Um funcionário do Governo canadiano revelou mais tarde à agência Associated Press, sob condição de anonimato, tratar-se de Michael Spavor, que, segundo o Ministério de Segurança do Estado chinês, estava a "ser investigado" desde o dia 10 pelas autoridades da cidade de Dandong.

Michael Spavor
créditos: WANG Zhao / AFP

De acordo com a imprensa estatal chinesa, o canadiano é objeto de uma investigação por "atividades que ameaçam a segurança nacional".

Já em relação a Kovrig, Pequim tinha justificado a detenção, alegando que o ICG é uma "organização não legalmente registada na China e não declarou as suas atividades". Por conseguinte, "se fazia atividades em território chinês, estava a violar a lei".

Uma lei adotada em 2016 pelo Parlamento chinês obriga as ONGs estrangeiras a declararem, previamente, as suas atividades na China e a passarem por um complexo processo de registo. A sua atuação é frequentemente descrita pelos órgãos de comunicação chinesa como uma forma de cobertura para espionagem.

Já em território canadiano, a diretora da Huawei foi detida por suspeita de ter mentido sobre uma filial da empresa, para poder aceder ao mercado iraniano, violando sanções norte-americanas. Meng é filha do fundador da gigante chinesa de smartphones, Ren Zhengfei.

O tribunal de Vancouver decretou a liberdade condicional de Meng Wanzhou, apesar de o advogado representante do Governo canadiano se ter oposto.

As autoridades dos EUA suspeitam que o grupo chinês exportou produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis.

Uma lei federal proíbe responsáveis governamentais e militares de utilizarem aparelhos fabricados pela Huawei e as suas alegadas ligações ao Partido Comunista chinês são frequentemente salientadas.