Marielle Franco, defensora brasileira dos direitos humanos, nomeadamente da comunidade negra, das mulheres e das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans e intersexuais (LGBTI), que foi brutalmente assassinada em março do ano passado, é candidata a título póstumo ao galardão, em conjunto com a ambientalista Claudelice Santos e a líder indígena Raoni Metuktire, decidiram as comissões parlamentares de Assuntos Externos e de Desenvolvimento.

Os outros dois finalistas na edição deste ano são o economista chinês Ilham Tohti, conhecido pela luta pelos direitos da minoria uigure e pela defesa da implementação de leis regionais de autonomia, e o grupo ‘The Restorers’, composto por cinco estudantes do Quénia (Stacy Owino, Cynthia Otieno, Purity Achieng, Mascrine Atieno e Ivy Akinyi), que desenvolveram uma aplicação móvel (o i-Cut) para promover a luta contra a mutilação genital feminina.

Os eurodeputados das comissões de Assuntos Externos e de Desenvolvimento escolheram entre os diversos nomeados propostos pelas diferentes bancadas parlamentares ou grupos de eurodeputados em setembro passado.

Da lista de nomeados constava um outro brasileiro, o político Jean Wyllys, que deixou o Brasil por ameaças de morte depois de, durante dois mandatos, ter apresentado propostas de lei sobre questões como o casamento homossexual, a legalização do aborto, a regulamentação do trabalho sexual, a de identidade de género e legalização da canábis. No entanto, Wyllys não foi selecionado para a lista de finalistas.

Marielle Franco, cujo assassínio continua a ser alvo de um processo judicial, foi proposta pelos socialistas europeus, pela Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde e pelos Verdes europeus.

A líder indígena brasileira Raoni Metuktire, de 89 anos, é conhecida internacionalmente pela luta pela preservação da Amazónia e dos costumes dos povos indígenas, e a ambientalista Claudelice Silva dos Santos destacou-se ao ser uma voz em prol do clima e da justiça ao denunciar o assassinato do seu irmão e da sua cunhada em ações de combate à desflorestação da floresta amazónica.

O vencedor será decidido pela Conferência de Presidentes do Parlamento Europeu – estrutura que junta o líder do PE e dos partidos políticos representados na assembleia europeia — e anunciado em 24 de outubro, realizando-se a cerimónia de entrega do galardão em 18 de dezembro, em Estrasburgo.

O prémio Sakharov do Parlamento Europeu premeia todos os anos indivíduos e organizações que se destacam na defesa dos direitos humanos e das liberdades fundamentais, tendo sido atribuído em 1999 a Xanana Gusmão (Timor-Leste) e em 2001 ao bispo Zacarias Kamwenho (Angola).