Uma semana decisiva em França
Edição por Alexandra Antunes
França entra hoje numa semana decisiva para a crise política causada pela polémica reforma das pensões e pela onda de manifestações, com uma ronda de conversações entre a primeira-ministra e os partidos políticos, incluindo da oposição.
Élisabeth Borne convocou os líderes dos grupos parlamentares da Assembleia Nacional para tentarem restabelecer o diálogo, mas três deles — França Insubmissa, comunistas e ecologistas — já anunciaram que não vão comparecer e, em vez disso, apelaram a uma marcha na terça-feira, no Palácio Matignon, sede do governo. Os socialistas também se excluíram das reuniões.
Qual o futuro da greve (e da reforma)?
Os oito sindicatos que estão a organizar os protestos admitem sentar-se à mesa com a primeira-ministra, num encontro previsto para quarta-feira, mas insistem que o Governo deve “congelar” a reforma das pensões para dar tempo e oportunidade ao diálogo.
No entanto, Borne avisou que suspender uma lei aprovada legalmente é “algo que não existe” e que espera falar com os líderes sindicais sobre outros temas como as carreiras profissionais.
Assim, para quinta-feira estão marcadas manifestações em todo o país e greves convocadas pelos sindicatos, no 14.º dia de protestos contra a reforma das pensões.
O impacto das paragens e a participação nas manifestações poderá proporcionar um novo indicador sobre se o protesto social vai manter a intensidade apesar das tentativas do Governo para apaziguar o país.
França tem vivido semanas de greves e manifestações, num clima de tensão e impasse no diálogo entre o Governo do presidente, Emmanuel Macron, e os sindicatos, marcado pela violência, que resultou em mais de 120 detenções em várias cidades.