Se não conseguir ver esta newsletter clique aqui.

 
Image

Newsletter diária • 11 ago 2023

 
Facebook
 
Twitter
 
Instagram
 
 
 

Quando vamos estar de braços abertos aos migrantes?

 
 

Edição por Ana Maria Pimentel

O veleiro astral resgatou esta noite 60 pessoas, entre as quais grávidas e crianças que viajavam em quatro embarcações precárias,  divulgou hoje a organização espanhola Open Arms. Se a organização tem estado de braços abertos o mesmo não se pode dizer acerca da forma como se tem discutido imigração na Europa. Mais propriamente como se tem discutido o acolhimento destes imigrantes em particular.

É que já na quinta-feira, o Astral já tinha realizado quatro difíceis operações, localizando 105 migrantes, entre os quais mulheres e crianças, em quatro embarcações precárias que corriam grande perigo, todas perto da ilha italiana de Lampedusa, onde os desembarques de migrantes não param, maioritariamente vindos da Tunísia.

Hoje, mais de 2.000 migrantes estão no centro de acolhimento sobrelotado de Lampedusa, apesar de a sua capacidade ser para 300 a 400 pessoas e das contínuas transferências de migrantes realizadas pelas autoridades italianas para outros locais.

De acordo com os últimos dados do Ministério do Interior italiano, este ano quase 94.000 migrantes desembarcaram na costa italiana, mais do dobro em relação aos 45.000 no mesmo período do ano passado.

Segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM), o Mediterrâneo Central — entre o norte da África e a Itália — é atualmente a rota migratória mais perigosa do mundo. Desde 2014, a OIM contabilizou mais de 20.000 mortes.

A viagem destes imigrantes resgatados pode não ter acabado da forma que gostariam, mas ainda assim podem respirar de alívio por não ter acabado como a das 41 pessoas que morreram quarta-feira num naufrágio ao largo da ilha italiana de Lampedusa, no sul da Itália. Depois desse "terrível naufrágio", a ONU pediu "mecanismos coordenados de busca e resgate e rotas seguras e legais para a migração e o asilo". E renovou o apelo “para um acesso mais abrangente a vias legais mais seguras para a migração e o asilo na União Europeia, para evitar que as pessoas tenham que recorrer a viagens perigosas em busca de segurança e proteção”.

A tragédia levou também o Papa Francisco a postar no X (antigo Twitter): “Recebi com tristeza a notícia de um novo naufrágio de migrantes no mar Mediterrâneo. Não fiquemos indiferentes a estas tragédias e rezemos pelas vítimas e as suas famílias”. E, na viagem de Lisboa para Roma, havia já afirmado que “o Mediterrâneo é um cemitério, mas o maior cemitério é o norte de África. É terrível”.

No Sul de Inglaterra, Bibby Stockholm é um navio que está atracado na Ilha de Portland, e começou esta semana a receber migrantes. Com 130 mil pessoas em lista de espera para pedidos de asilo, Inglaterra decidiu passar a usar navios e instalações militares como espaços provisórios onde instalar os  migrantes, debaixo de protestos e de explicações do executivo. É apelidado de "prisão flutuante" pelas ONGs e associações que protestam contra a sua utilização, sendo que uma das críticas é precisamente o facto de manter os migrantes no mar, quando muitos deles chegam a Inglaterra depois de experiências traumáticas de travessias.

Estes não são casos isolados, mas a sua repetição não tem que nos cansar e habituar-nos ao desastre e ao infortúnio. Esta semana as notícias têm-se sucedido no que diz respeito a este assunto, só na terça-feira equipas de socorro espanholas resgataram 335 ocupantes de sete embarcações que foram localizadas nas proximidades da ilha espanhola de Lanzarote. 335 vidas. 267 homens, 22 mulheres e 46 menores, incluindo um bebé. Tentavam chegar à Europa em barcos sobrelotados, sabendo que o seu destino e dos seus filhos podia ser o fundo daquele mar. Contudo, confiantes que daquilo de onde fugiam, e o encontrariam quando atracassem valeria a pena. O mínimo que lhes devemos é ter disponibilidade para discutir esta questão séria e abertamente.

*Com Lusa

 
 
 
 
 

 
 

A estreia da segunda temporada de “Winning Time: The Rise of Lakers Dinasty” foi a ocasião perfeita para uma colaboração entre os dois podcasts da MadreMedia: o Acho Que Vais Gostar Disto e o Bola ao Ar. João Dinis e Miguel Magalhães lideraram a conversa sobre uma das séries mais “entertaining” da HBO.