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PCP, posso ir a Kiev entrar numa trincheira?

O presidente da República está em Kiev para uma visita oficial de dois dias, que inclui um encontro com Volodymyr Zelensky e a participação na cimeira sobre a recuperação da Crimeia – desde 2014 sob controlo da Rússia.

Mas antes de embarcar, o presidente teve de pedir autorização ao parlamento e ter uma conversa com o líder comunista (depois da objeção do PCP), para que a visita à Ucrânia fosse “consensual” entre todos os partidos.

"O secretário-geral do PCP enviou-me uma mensagem, depois falei com ele, a explicar a posição do PCP, que não é um não completo é dizer o seguinte: 'se for útil para o caminho da construção da paz faz sentido'”, referiu o chefe de Estado logo após desembarcar na estação ferroviária de Kyiv-Pasazhyrskyi, em Kiev.

A deslocação do presidente da República surgiu na sequência de um convite feito por Volodymyr Zelensky, aquando da visita de António Costa a Kiev, em 2022.

“Sou portador de um convite que o Presidente Zelensky fez a sua excelência o presidente da República para visitar a Ucrânia em data oportuna. E esse é o convite que transmitirei”, anunciou na altura, António Costa.

Aproveitando a visita oficial, esta semana, a Varsóvia, o chefe de Estado embarcou num comboio em Lviv, junto à fronteira com a Polónia, e chegou a Kiev às 7:30 da manhã (5:30 em Lisboa). Este é o meio de transporte que tem sido utilizado por outros líderes que visitam a Ucrânia desde a invasão russa em fevereiro de 2022. O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, integrou a comitiva que acompanha o presidente em visitas oficiais, a qual se inclui vários jornalistas de meios nacionais.

Ao desembarcar do comboio, o presidente prestou a primeiras declarações onde aproveitou para manifestar total apoio do povo português ao povo ucraniano, afirmando que as “fronteiras de Portugal são as fronteiras da Ucrânia”.

“A presença ucraniana em Portugal já é antiga. Estamos na outra ponta da Europa, mas sabemos o que é ser ucraniano, sentimos o que é ser ucraniano e por isso a nossa fronteira é a fronteira da Ucrânia”, disse o presidente aos jornalistas à chegada a Kiev, na estação ferroviária de Kyiv-Pasazhyrskyi.

De seguida, o presidente da República visitou Bucha, onde ocorreram inúmeros massacres e expressou total apoio de Portugal em busca por justiça.

“Estaremos sempre na primeira linha para ajudar a Ucrânia a trazer os crimes de guerra russos à justiça internacional”, disse Marcelo.

Pouco depois, o presidente esteve nas trincheiras em Moshchun, nos arredores de Kiev, onde protagonizou um momento insólito ao entrar numa trincheira improvisada durante a ocupação russa, tornando-se assim “no primeiro" chefe de Estado a fazê-lo.

Ato que deixou a vice-governadora para a região de Kiev admirada.

"Isto nunca tinha acontecido! É o primeiro que faz isto", comentou Lesya Arkadievna, ao ver Marcelo Rebelo de Sousa entrar para uma trincheira.

O Presidente não hesitou, ainda escorregou na areia, e acabou por entrar na trincheira, por onde teve de caminhar quase agachado.

"Já vim cá com vários presidentes e ministros e nenhum fez isto", referiu Lesya Arkadievna.

Populares e elementos da administração regional observaram com alguma surpresa o momento.

“Foi como regressar à 1ª Guerra Mundial”, afirmou Marcelo. “Fez-me lembrar o que era fazer guerra há mais de 100 anos”, acrescentou o presidente, assim que saiu da trincheira, ainda com terra no casaco.

Esta é a terceira alta figura do Estado Português a deslocar-se à Ucrânia, depois da visita do primeiro-ministro, António Costa, em maio de 2022, e do presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, em abril deste ano.

Nenhum, alguma vez, entrou numa trincheira ucraniana!

*com Lusa